segunda-feira, 5 de setembro de 2016

EU FALO DE... PÁSSAROS SEM NINHO


Uma das vantagens evidentes das parcerias dos meus blogues com editoras é, sem sombra de dúvida, a possibilidade que me é dada de conhecer autores que, de outra forma, me passariam despercebidos, porquanto são tantos a serem editados que é humanamente impossível acompanhar todos. Neste contexto, e através da parceria com a Edições Vieira da Silva, chegou até mim PÁSSAROS SEM NINHO de ISABEL BRANCO, autora com um largo percurso que me era completamente desconhecido.

Com uma linguagem simples mas, nitidamente, com muita burilação das palavras e dos versos, neste livro, a autora transporta-nos numa viagem/busca, que é a sua e na qual conseguimos rever-nos com facilidade.

Tal como o título sugere, PÁSSAROS SEM NINHO é uma demanda irrequieta, constante e cheia de perseverança por um lugar ideal. Ao longo da leitura dos poemas somos confrontados com as dúvidas/incertezas da poeta que também são as nossas. E apesar de algumas respostas, a insatisfação/inconformismo permanece. Talvez porque o “ideal” seja um sonho utópico (muitas vezes demasiado longe) ou, estando perto, mantém-se longe do olhar de forma camuflada. E, mesmo quando se julga ter encontrado o “objecto” de busca, há sempre algo em falta que justifica a continuidade da tal demanda; de um recomeço.

Este livro é composto por poemas que alertam para a inexistente ligação que temos com tudo aquilo a que pensamos estar umbilicalmente ligados. No fundo, a mensagem principal está em algumas máximas que podem até chocar mas que são verdades incontornáveis. Ninguém é de ninguém mesmo sendo parte de um todo. Ninguém é de lugar algum mesmo pertencendo a este mundo.

PÁSSAROS SEM NINHO, de Isabel Branco, teve o condão de me proporcionar inolvidáveis momentos de leitura e recomendo vivamente. Um dos melhores livros de poesia que li, em muito tempo.

MANU DIXIT    


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