quarta-feira, 20 de setembro de 2017

FALA AÍ BRASIL... ADRIANA MAYRINCK

No vácuo do tempo

Percebi em vivência o que significa essa expressão que sempre utilizei de forma literal e do quanto somos vulneráveis aos planejamentos e ações do destino ou acontecimentos cósmicos ou ao acaso, seja o nome que for, de acordo com a filosofia de vida de cada um.

Nunca gostei de planejar ou me perceber a médio ou longo prazo, sempre tive uma certa aversão, de querer me imaginar em um tempo a frente e de tentar controlar os acontecimentos. Após anos resistente e relutando muito para essas determinadas situações, ano passado, confirmei a presença em um evento, meses antes, hospedagem e passagem pagas e a cia aérea, não enviou o ticket de embarque que até hoje não foi encontrado ou justificado. Não compareci, e a confirmação de que planejamento geralmente termina em frustração e decepção.

Teimosa, esse ano, lá fui eu fazer novos planos, a médio prazo, e orgulhosa de que finalmente havia superado esse incômodo na minha vida, segui determinada, passo a passo, contrariando a minha natureza. (Lembrando que 50% do sucesso não dependiam de mim). De início logo nas primeiras semanas, dois projetos foram cancelados e tive que readaptar-me. Outro por insistência dos acontecimentos, foi realizado, mas sem a satisfação e excelência  do que foi idealizado e imaginado.

Por fim, ainda tomei fôlego e insisti. Três meses de empenho, pesquisas, buscas e ao perceber que tudo estava caminhando sem sustos, confirmei novamente a minha presença, nesse mesmo evento, um ano depois. Com as experiências anteriores, tomei todas as providências para seguir tranquilamente na empreitada de obter meu primeiro sucesso em planejamento antecipado. Mas como por ironia ou sina, no último minuto do segundo tempo, houve um erro da operadora de viagens, marcando a data tantas vezes repetida e escrita para 7 dias após a data solicitada. Foi uma semana sem dormir, indignada, tentando resolver de todas as formas a incompetência e descaso alheio. E regida pelo incontrolável, todas as datas de embarque daquela companhia estavam lotadas para os dias que eu precisava. Ultrapassei o limite de toda a minha diplomacia, descontrole e capacidade de negociação, até a conformação de que não era para ser e estar novamente naquele momento. A mesma situação se repetiu. Passagem e hospedagem pagas com antecedência, confirmação da minha presença e estou aqui.

Explicação? Não tenho. Aceitação? Para não perder a minha fé, quis acreditar naquela máxima de que não era para ser.

Fiquei parada no vácuo do tempo.

Corri tanto para deixar tudo organizado, despedi-me da família e amigos, organizei todos os detalhes burocráticos de quem faz uma mudança de vida e de repente... Não embarquei para o destino planejado naquele dia tão esperado.

E a minha vida parou no dia do embarque previsto. Mais uma vez, o senhor dos destinos, mostrou-me que nada se controla, pelo menos, comigo, e não tenho esse poder de fazer com que os acontecimentos se cumpram quando eu quero.

Não vou usar novamente a palavra frustração, mas hoje estou aqui, olhando para o céu e decidida a engolir mais essa, e esperar o próximo vento passar, para embarcar na hora que a vida determinar.

Lembrei  de uma música que sempre repeti, talvez, a melodia tenha ficado registrada no inconsciente, de onde dizem vir os desejos...

“ Deixa a vida me levar...vida leva eu...sou feliz e agradeço por tudo o que Deus me deu”. É, Sr. Zeca Pagodinho, sempre vou repetir esse refrão quando novamente decidir fazer qualquer planejamento.

 E sigo... cantarolando.

DRIKKA INQUIT

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